Lula, da camiseta da anistia de 1979 ao papel de carrasco em 2025

O passado, mais uma vez, bateu à porta de Luiz Inácio Lula da Silva. Michelle Bolsonaro compartilhou nas redes sociais uma foto antiga em que o então sindicalista Lula vestia, orgulhoso, uma camiseta em defesa da anistia de 1979, que abriu caminho para a redemocratização e devolveu direitos políticos a perseguidos do regime militar.
Quase meio século depois, o mesmo Lula que um dia ergueu a bandeira da anistia posa como carrasco dos réus do 8 de Janeiro, negando até discutir a possibilidade de perdão ou redução de penas — mesmo diante de prisões abusivas, condenações desproporcionais e de centenas de famílias destruídas.
A contradição é gritante: o líder que foi beneficiado pela luta por anistia agora repete o papel dos algozes de outrora, tratando cidadãos comuns como se fossem inimigos de guerra. Entre os condenados, há casos de inocentes que mal sabiam o que estava acontecendo em Brasília naquele dia, mas que foram jogados no mesmo balaio dos arruaceiros e golpistas de carteirinha. A Justiça virou espetáculo, e a humanidade das pessoas ficou pelo caminho.
É fácil posar de democrata quando o benefício é próprio. Difícil é sustentar coerência quando a anistia serviria para quem pensa diferente. A seletividade de Lula e dos que se opõem ao projeto de anistia atual revela menos preocupação com o Estado Democrático de Direito e mais com a vingança política.
Enquanto isso, famílias choram, inocentes pagam o preço de estarem no lugar errado na hora errada, e a palavra “justiça” vai se tornando apenas um rótulo vazio. Se a anistia foi digna e necessária em 1979, por que não seria agora? Ou será que democracia só vale quando convém ao governo da vez?
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