O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), escolhido por Hugo Motta (Republicanos-PB) para relatar o polêmico Projeto de Lei da Anistia, carrega um passado nada simpático aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Foi ele quem classificou os manifestantes como “terroristas” e aplaudiu a intervenção decretada por Lula no DF à época.

Em plena confusão, Paulinho correu para o X e disparou: “É crime! Não podemos confundir liberdade de expressão com golpismo”. Também foi rápido em exaltar Alexandre de Moraes, a quem chama de “guardião da democracia” e que, não por acaso, é o maior algoz dos réus do 8/1.

Agora, no papel de relator, Paulinho tenta vestir a fantasia de “conciliador”. Rejeita uma anistia ampla — que incluiria até Bolsonaro — e defende um “meio-termo”: reduzir penas, mas sem libertar geral. Conversa com Michel Temer e Aécio Neves, discute rótulos como “PL da Dosimetria” e se apresenta como o fiador de um texto que agrade gregos e troianos.

A urgência do projeto já foi aprovada e a proposta pode ir direto ao plenário, sem passar por comissões. O texto original, de autoria de Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), anistiava todos que participaram ou apoiaram manifestações políticas de outubro de 2022 até a sanção da lei — mas esse alcance está sendo desidratado.

Paulinho, que apoiou Lula em 2022 mas já ensaia críticas ao governo, agora vive o dilema: ser lembrado como o homem que chamou os manifestantes de “terroristas” ou como o deputado que tentou costurar uma saída para aliviar as penas.

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