Apesar dos bons índices de aprovação no campo administrativo, o governador João Azevêdo enfrenta um cenário político preocupante: o risco crescente de isolamento em meio às articulações para a sucessão estadual. Partidários e aliados de longa data já começam a manifestar receios quanto à indefinição do governador sobre disputar uma vaga no Senado ou permanecer à frente do Executivo até o fim do mandato.

Desde sua reeleição, João Azevêdo passou a depender politicamente dos dois principais grupos que o apoiaram: o PP de Aguinaldo Ribeiro e o Republicanos de Hugo Motta — ambos com interesses divergentes e difíceis de harmonizar. Essa dependência tem enfraquecido sua capacidade de liderança dentro do próprio campo aliado.

Nos bastidores, há inquietação crescente. Pré-candidatos do PSB, partido do governador, expressam temor com uma possível debandada caso João deixe o cargo para disputar o Senado. “Há sim uma preocupação com a saída do governador. O receio é que haja migração de nomes competitivos do PSB para outras legendas”, confidenciou um pré-candidato a deputado estadual.

A verdade é que, politicamente, João perdeu o controle do processo sucessório. Sem uma articulação clara para a formação das chapas majoritária e proporcional, ele corre o risco de se tornar um mero coadjuvante, mesmo tendo contribuído significativamente para o desenvolvimento do estado.

O PSB, por sua vez, sofre com a falta de nomes competitivos para disputar as eleições proporcionais, o que agrava ainda mais o cenário. O enfraquecimento da legenda pode comprometer sua representatividade no próximo ciclo eleitoral.

Enquanto isso, a pressão aumenta nos bastidores. Se não reassumir com firmeza o protagonismo político, João Azevêdo pode assistir, de fora, a montagem de uma aliança que já não o considera peça central no tabuleiro de 2026.