A política paraibana testemunha mais um capítulo marcado por alianças quebradas e surpresas estratégicas. O atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que deve muito de sua trajetória política a líderes como o senador Humberto Lucena e o ex-governador Ronaldo Cunha Lima, agora é acusado de trair mais um aliado importante: o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP).

Cícero, cuja carreira foi alavancada por essas lideranças históricas — chegando ao cargo de vice-governador, ministro, senador e agora ao quarto mandato como prefeito — teria se reinventado politicamente nos últimos anos graças ao apoio direto de Aguinaldo. Foi o deputado quem ofereceu o espaço no Progressistas e as condições políticas para que Cícero retornasse à cena após anos afastado.

No entanto, ao invés de retribuir com lealdade, o prefeito tem surpreendido até seus aliados mais próximos. Após o governador João Azevêdo ventilar a possibilidade de deixar o cargo para disputar o Senado e indicar Lucas Ribeiro — sobrinho de Aguinaldo — como possível sucessor, Cícero Lucena iniciou uma movimentação nos bastidores como pré-candidato ao governo, desafiando abertamente o grupo que o ajudou a se reerguer politicamente.

Analistas apontam duas possibilidades: ou há um acordo oculto entre Cícero e o governo para dividir a base e neutralizar Aguinaldo, ou o prefeito decidiu romper de vez com o grupo Ribeiro, buscando voo solo rumo ao Palácio da Redenção.

A atitude foi vista por muitos como uma traição política — mais uma na trajetória de Cícero, conhecido por manter relações estratégicas, mas nem sempre duradouras com seus benfeitores. A movimentação já repercute fortemente nos bastidores, provocando mal-estar dentro do PP e exigindo uma reação do núcleo político que cerca Aguinaldo Ribeiro.

Se será uma jogada ousada ou um erro de cálculo, só as próximas etapas do xadrez eleitoral irão revelar.