Direita supera esquerda e centrão e lidera engajamento nas redes

A direita concentra 2,5 vezes mais engajamento nas redes sociais do que os políticos de esquerda e de centro em 2025. Além de movimentar apoiadores, os parlamentares da direita usam as interações para aprofundar o desgaste do governo Lula (PT), como ocorreu durante a crise do Pix e do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (1º) pelo jornal Folha de S. Paulo e tem como base dados obtidos pela consultoria Bites sobre os 250 políticos com maior número de seguidores, considerando: Facebook, Instagram, YouTube, TikTok e X, no período de 1º de janeiro a 30 de maio. O registro do engajamento leva em conta o número de curtidas, comentários e compartilhamentos.
No período avaliado, os políticos de direita alcançaram 1,48 bilhão de interações em suas postagens, enquanto os de esquerda registraram 417 milhões. Já os políticos de centro e do centrão conseguiram 171 milhões de reações. Dos 250 políticos avaliados, 84 são do centro ou do centrão, 88 da direita e 78 da esquerda.
Segundo o estudo da Folha, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) lideram o engajamento da direita. O ex-mandatário tem 67 milhões de seguidores e atingiu 267,1 milhões de interações nos cinco primeiros meses do ano.
Já Nikolas mantém 31,4 milhões de seguidores e registrou 198,8 milhões interações no mesmo período. O deputado foi o responsável pelo vídeo viral que criticava a fiscalização sobre transações via Pix. Publicado em 14 de janeiro, o vídeo ultrapassou 300 milhões de visualizações no Instagram em menos de 48 horas. A forte reação negativa fez com que o governo recuasse da medida.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus aliados estão longe dos números atingidos por Bolsonaro. O petista tem 34 milhões de seguidores e suas publicações angariaram 86,2 milhões de interações de 1º de janeiro a 30 de maio.
O diretor técnico da Bites, André Eler, disse à Folha que falta organização à esquerda nas redes sociais e alinhamento no discurso. Além disso, Eler apontou que Lula, apesar de ser o principal nome da esquerda, muitas vezes não entra nos embates na internet. O próprio chefe do Executivo já declarou que não tem celular.
De acordo com a Folha, os 33 ministros do governo que usam redes sociais abertas têm pouco mais da metade dos seguidores do ex-presidente. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reúne 7,2 milhões de seguidores; já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem 5,7 milhões.
Cinco dos ministros de Lula não têm perfis públicos nas plataformas. O segundo lugar entre os políticos da esquerda com maior engajamento fica com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que tem 4,7 milhões de seguidores, mas registrou 35,5 milhões de interações. Em seguida, aparece o prefeito de Recife (PE), João Campos (PSB), com 3,7 milhões de seguidores e 35,2 milhões de reações no período avaliado.
No centro ou no centrão, o engajamento é maior entre os que se distanciam da política tradicional, como humoristas, cantores e religiosos. O deputado federal e cantor gospel, Fábio Teruel (MDB-SP), lidera o ranking do centro com 38,7 milhões de seguidores e 40,3 milhões de interações. Ele compartilha principalmente orações no YouTube.
O deputado federal Célio Studart (PSD-CE) também dá preferência a postagens que não tenham cunho político e, apesar de ter 2 milhões de seguidores, conseguiu 11,8 milhões de interações totais nos primeiros cinco meses do ano. Em seguida, aparece o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), com 1,2 milhão de seguidores e 10,9 milhões de interações.
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