Delegado Marcos Cotrim alerta para avanço do narcotráfico em Malta e propõe ações integradas de combate
Malta: foco crescente do narcotráfico preocupa autoridades, e ex-delegado Marcos Cotrim propõe medidas integradas de combate

Dando continuidade à série de reportagens sobre o avanço do plantio de entorpecentes na região da Grande Patos, o experiente ex-delegado da Polícia Federal Marcos Cotrim, hoje atuando como consultor em segurança e advogado criminal, concedeu entrevista exclusiva reforçando a gravidade da situação em Malta, município que tem se tornado alvo frequente do narcotráfico.
Cotrim destacou que o enfrentamento às drogas não é uma responsabilidade exclusiva das forças policiais, mas uma questão de ordem social que exige a atuação articulada dos poderes públicos — federal, estadual e municipal — além de participação efetiva da classe política. “É preciso mais do que repressão. Temos que pensar em programas de prevenção, inteligência e tecnologia”, afirmou o delegado aposentado.
O histórico de Malta é preocupante. Cotrim relembrou que em 14 de setembro de 2023, foi realizada uma das maiores apreensões da região: 4 mil pés de maconha foram encontrados em uma propriedade no Sítio Santo André, onde também funcionava um laboratório de preparo e comercialização da droga. A apreensão mais recente, ocorrida em março deste ano, confirma o crescimento de investimentos criminosos na área rural, especialmente em terras abandonadas.
Para conter o avanço do narcotráfico, Cotrim propôs medidas concretas e viáveis que podem ser implementadas pelas prefeituras da comarca de Malta, incluindo as cidades de Vista Serrana e Condado. Entre as sugestões, estão a instalação de câmeras de segurança, principalmente em áreas de difícil acesso e nas fronteiras dos municípios, e a aquisição de drones para monitoramento aéreo das propriedades rurais. “A ausência de fiscalização favorece a ocupação criminosa de terras improdutivas”, alertou.
Cotrim também chamou atenção para a necessidade de cautela nas investigações. Ele relatou casos em que proprietários rurais foram presos injustamente após a descoberta de plantações em suas terras — muitas vezes invadidas sem o conhecimento dos donos. Essa situação levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a revisar sua postura quanto ao confisco automático de propriedades ligadas ao cultivo de entorpecentes.
Segundo Cotrim, é essencial que a justiça distinga o criminoso infiltrado do proprietário desavisado, garantindo o devido processo legal. “Não podemos permitir que inocentes paguem pelo que não sabiam. O combate às drogas exige firmeza, mas também responsabilidade jurídica”, concluiu.
LeoNews
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