Angela Ro Ro, uma das artistas mais marcantes e autênticas da música popular brasileira, morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, no Rio de Janeiro. Internada desde junho, a cantora sofreu complicações de saúde decorrentes de uma infecção e não resistiu a uma parada cardíaca.

Dona de uma voz rouca inconfundível e de uma personalidade intensa, Angela construiu uma trajetória de mais de 20 discos lançados e cerca de 80 músicas registradas, entre elas o clássico “Amor, Meu Grande Amor”, que a projetou como um dos grandes nomes da MPB.

Filha de pai baiano, viveu na Europa nos anos 1970 e chegou a trabalhar como faxineira em Londres antes de se aproximar de Caetano Veloso, que a convidou a participar do álbum Transa (1972). De volta ao Brasil, se consolidou no cenário musical e marcou a cena cultural com sua irreverência, talento no piano e composições viscerais.

Sua carreira foi marcada por altos e baixos: o sucesso estrondoso na década de 1980, turbulências pessoais, a luta contra vícios e relacionamentos conturbados que a transformaram em personagem frequente da imprensa. Mesmo assim, reinventou-se em diferentes momentos, seja como apresentadora do programa Escândalo, no Canal Brasil, seja com o álbum Selvagem (2017), seu último trabalho de inéditas.

Um dos episódios mais curiosos da carreira foi a recusa de “Malandragem”, composta por Cazuza para ela e eternizada anos depois na voz de Cássia Eller. Ainda assim, Angela seguiu fiel a si mesma, construindo uma obra que traduz sua autenticidade e intensidade.

Nos últimos anos, enfrentou dificuldades financeiras e dependia de direitos autorais modestos. Mesmo debilitada, manteve contato com fãs e lançou um site para receber doações. Angela Ro Ro deixa um legado de coragem, irreverência e uma marca eterna na história da música brasileira.

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