Lula fecha com Hugo Motta para enterrar projeto de anistia a Bolsonaro e isolar bolsonaristas no Congresso

Lula e Motta almoçam no Alvorada para tratar de anistia e outras pautas de interesse do Planalto, como isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil Foto: Wilson Junior/AE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva articulou, nesta segunda-feira, com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), uma estratégia para barrar o projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro. O movimento foi selado durante almoço no Palácio da Alvorada, que contou ainda com a presença da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Apesar da pressão do PL e da militância bolsonarista, a avaliação no Planalto e na cúpula do Congresso é que a oposição não tem musculatura para aprovar uma anistia ampla e irrestrita. O governo, no entanto, não pretende facilitar: se a urgência da proposta for levada a voto, Lula e aliados garantem já ter base suficiente para derrotá-la em plenário.
Hugo Motta deve reunir o colégio de líderes nesta terça-feira (16), mas recebeu um recado direto do Planalto: partidos que ocupam cargos no governo e votarem a favor da anistia perderão imediatamente os espaços no primeiro escalão. O Centrão está sob pressão.
A ofensiva do governo ganhou ainda mais força após a condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta-feira (11). Gleisi Hoffmann foi categórica: “Não cabe anistia a esses crimes, seja para bagrinho, bagrão ou tubarão. É um ataque frontal ao Supremo”.
Enquanto isso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tenta manter o fio de lealdade ao seu padrinho político. Ele chegou a pedir autorização ao ministro Alexandre de Moraes para visitar Bolsonaro em prisão domiciliar, ao mesmo tempo em que atua nos bastidores pela anistia. No PT, a movimentação é lida como “pedágio político” para Tarcísio alimentar sua candidatura presidencial em 2026.
Hugo Motta, no entanto, já sinalizou a Tarcísio que não pretende se desgastar com o Planalto, o STF e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), numa pauta considerada inviável. O próprio Alcolumbre apresentou a ministros uma alternativa: reduzir penas para crimes cometidos em atos de multidão, desde que a anistia ampla seja enterrada de vez.
No balanço de forças, Lula sai fortalecido. A oposição, dividida entre o grito da militância e a realidade do Congresso, corre o risco de ver o projeto de anistia virar apenas mais um vexame político no currículo bolsonarista.
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