Uma pesquisa divulgada nesta terça (8) pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg aponta que a maioria dos entrevistados acredita que o Brasil vive uma crise democrática. E os principais causadores seriam, segundo eles, o Judiciário e o governo.

Embora os motivos para essa percepção de ameaça não tenham sido elencados pela pesquisa, a divulgação deste recorte ocorre em meio ao processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, e que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos principais réus. Ele é acusado, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), de liderar o plano para se manter no poder após as eleições de 2022.

A AtlasIntel ouviu 2.621 pessoas entre os dias 27 e 30 de junho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

Segundo a pesquisa, 76,2% acreditam que o Brasil vive uma crise democrática, contra apenas 18,8%. Outros 5% não souberam opinar.

Para 39,5% dos entrevistados, a democracia brasileira está em risco de colapso, 32,6% acreditam que está razoavelmente estável, 19,5% pouco estável e 8,4% muito estável.

O Judiciário, dizem os ouvidos pela AtlasIntel, é a principal ameaça à democracia brasileira (42,8%), seguido pelo governo (38,8%) e pelo Congresso (28,9%):

A pesquisa aponta que a percepção de ameaça à democracia pelo Judiciário é maior entre os homens, dos 25 aos 100 anos de idade (principalmente entre os de 35 aos 44 anos), com ensino médio completo, renda acima dos R$ 2 mil, evangélicos e crentes sem religião, e moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A maioria, ainda, votou em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2022, em que ele perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Judiciário tem, ainda, uma grande desconfiança pela capacidade de aplicar a lei “de forma justa e honesta”, com “nenhuma confiança” para 33,4% dos entrevistados. Outros 25,7% têm pouca confiança, 34,5% alguma confiança e 16,1% muita confiança.

Mais uma vez, os eleitores de Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022 são os mais desconfiados com a Justiça brasileira, com 72,5% dizendo não ter “nenhuma confiança”. E mesmo entre os que votaram em Lula têm alguma desconfiança, com 47,9% dizendo ter “alguma confiança” nas decisões.